Tipos Metodológicos de Estudo

Gilson Aguiar
Sumário
Apresentação
Produção Educação Corporativa
Conhecimento e Ciência do Contrato
Orientações para a Produção
Conclusão

Vamos iniciar nossa aula com o conceito de informação confiável, conforme podemos conferir escutando o podcast a seguir.

Tipos de pesquisa

Fonte: Sergii Gnatiuk / 123RF.

Veremos agora quais são os principais tipos de estudos e para que servem. Existem várias formas de classificar uma pesquisa, mas a maioria tem em comum o método aplicado para desenvolver a pesquisa. Vejamos uma classificação geral, considerando: a modalidade, os objetivos e a forma de abordagem.

Classificação quanto à modalidade da pesquisa

Objetivos de pesquisa

Formas de abordagem da pesquisa

Nível e objetivo de análise

Na área da saúde, as pesquisas são, comumente, divididas em dois grupos:

Experimental em laboratório (in vitro)

Estudos realizados com animais: realizados em laboratório, ou seja, em ambiente que permita controlar as variáveis, reduzindo o grau de subjetividade na aferição dos dados. É preciso CAUTELA com a expectativa de obter o mesmo resultado para seres humanos, uma vez que se trata de experimentos realizados em outras espécies que não a humana.

Epidemiológica ou demográfica

● Estudo que aborda e investiga a saúde da população e os fatores determinantes para o risco e os agravos de doenças, assim como eventos associados com a saúde. Tem raiz na Epidemiologia, que é a ciência que estuda a relação de causa-efeito ou saúde-doença.

Estudos Epidemiológicos

Podem ser classificados em observacionais ou experimentais (de intervenção). Ambos os estudos analisam se existem associações entre um determinado fator, comparando grupos.

Os principais tipos de estudos epidemiológicos são:

Relatos ou séries de casos

Descrição detalhada de um ou alguns casos clínicos, geralmente de um evento clínico raro ou uma nova intervenção. A série de casos é um estudo com maior número de participantes (mais de 10), e pode ser retrospectivo ou prospectivo.

Fatores Positivos: colaboram com o delineamento de casos clínicos.

Atenção: possuem limitações importantes e podem levar a conclusões equivocadas, uma vez que, frequentemente, avaliam acontecimentos passados, não possuem grupos de comparação e apresentam resultados que se aplicam somente àquele paciente ou àquele grupo de participantes específico.

Ex.: Dores H, Mendes L, Ferreira A, Santos JF. Gradiente Intraventricular Sintomático Induzido pelo Esforço em Atleta Competitivo. Arq. Bras. Cardiol.  2017; 109(1): 87-89. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2017000700087&lng=pt.

Estudos de Prevalência / Estudos de Incidência

Medem a frequência da ocorrência das doenças em determinado tempo e espaço. Estudos de Prevalência medem quantas pessoas estão doentes. Estudos de Incidência medem quantas pessoas ficaram doentes (novos casos).

Fatores Positivos: fácil desenvolvimento econômico, muito útil em saúde pública, para avaliar e planejar programas de controle de doenças.

Atenção: não contribuem para identificar doenças raras.

Ex.: Régis ACF de C, Crispim KGM, Ferreira AP. Incidência e prevalência de perda auditiva induzida por ruído em trabalhadores de uma indústria metalúrgica, Manaus - AM, Brasil. Rev. CEFAC. 2014; 16(5): 1456-1462. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462014000501456&lng=en.

Estudos Ecológicos ou Demográficos

Descrevem as diferenças entre a população em um determinado espaço e tempo ou em um mesmo tempo, comparando a ocorrência da doença entre  grupos de pessoas (população de países, regiões ou municípios).

Fatores Positivos: a unidade de estudo não é a pessoa, mas o grupo.

Atenção: é dependente de bons sistemas de informação (dados estatísticos).

Ex.: Cavalcante KRLJ, Tauil PL. Características epidemiológicas da febre amarela no Brasil, 2000-2012. Epidemiol. Serv. Saúde. 2016; 25(1): 11-20. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222016000100011&lng=en.

Estudos de Coortes

Estudo longitudinal, prospectivo e observacional no qual um grupo de pessoas é acompanhado por determinado tempo. Os desfechos são comparados a partir da exploração ou não de uma intervenção, ou de outro fator de interesse para análise posterior de incidência da doença.

Fatores Positivos: calculam o Risco Relativo (RR) e estabelecem etiologia e fatores de risco, sendo apropriados para descobrir a incidência e a história natural de uma condição de saúde.

Atenção: são demorados e podem ser caros.

Ex.: Carvalho M de SR de, Pereira AMG, Martins JA, Lopes RCG. Fatores preditores de recorrência do endometrioma ovariano após tratamento laparoscópico. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2015; 37(2): 77-81. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032015000200077&lng=pt.

Estudos de Caso-Controle

Estudos de grupos semelhantes, selecionados a partir de uma população de risco que compara doentes versus não doentes, retrospectivamente, considerando a exposição e os possíveis fatores de risco a que a amostra de doentes foi exposta (no passado).

Fatores Positivos: úteis para identificação de fatores de risco, doenças raras ou novas e para a exposição de fatores prognósticos de doenças com longo período de latência.

Ex.: Caminha M de FC, Cruz R de SBLC, Acioly VMC de, et al. Fatores de risco para a não amamentação: um estudo caso-controle. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2015; 15(2): 193-199. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292015000200193&lng=en.

Ensaios Clínicos Randomizados

Os participantes do estudo são distribuídos aleatoriamente para aplicação de uma intervenção (ex: tratamento farmacológico) comparada a outra intervenção (ex: tratamento placebo). Os grupos são acompanhados por um período de tempo e analisados por desfechos específicos, definidos no início do estudo.

Fatores Positivos: ideais para avaliação de intervenções terapêuticas.

Atenção: podem possuir custos elevados e ser demorados. Por vezes, podem ser impossíveis de se realizar por questões éticas, casos raros ou de período prolongado de acompanhamento.

Ex.: Teston EF, Arruda GO de, Sales CA, Serafim D, Marcon SS. Consulta de enfermagem e controle cardiometabólico de diabéticos: ensaio clínico randomizado. Rev. Bras. Enferm. 2017; 70(3): 468-474. [acesso em 2021 Jan 27]. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672017000300468&lng=pt.

Assim, temos o seguinte esquema:

Estudos primários e secundários

Fonte: sheeler / 123RF.

Primários

São pesquisas originais em que os dados colhidos ou as variáveis observadas e analisadas no estudo (por um pesquisador) estão relacionados à aplicação de intervenções (estudos experimentais) ou observações (estudos observacionais).

Relatos de casos.

Estudos de prevalência.

Ensaios clínicos.

Estudos de coortes.

Caso-controle.

Secundários

Geralmente, utilizam os estudos que já existem (publicados) para selecionar as melhores evidências. Buscam estabelecer conclusões a partir dos estudos primários com um resumo ou uma sistematização dos dados encontrados, que são comuns a esses estudos.

Revisão sistemática.

Revisão narrativa.

Revisão integrativa.

Metanálises.

Avaliação de tecnologia.

Avaliação econômica.

Guias de prática clínica.

Revisões

Fonte: sheeler / 123RF.

As revisões são estudos secundários e contam com, pelo menos, três tipos principais:

SISTEMÁTICAS

METANÁLISE

NÃO SISTEMÁTICAS

INTEGRATIVA

A metanálise é uma revisão sistemática?

Não é! A metanálise é um método estatístico muito utilizado na revisão sistemática para integrar os resultados dos estudos incluídos. É uma análise das análises, ou seja, é um estudo de revisão da literatura em que os resultados de vários estudos são combinados e sintetizados, através de processos estatísticos, para produzir uma única estimativa ou um índice que caracteriza o efeito de uma determinada intervenção (Castro, 2001, Sampaio, Mancini, 2007).

Assim, podemos concluir que, para cada tipo de pergunta ou hipótese, existe um desenho de estudo (metodologia) mais apropriado, para responder à pergunta ou verificar a hipótese.

Portanto, mais que uma classificação dos tipos de pesquisa, é fundamental que tanto o pesquisador (produtor do conhecimento) quanto o usuário (o consumidor do conhecimento) dos resultados de pesquisa (conhecimento) conheçam os principais estudos epidemiológicos, seus desenhos metodológicos e suas principais características, bem como para quais hipóteses se aplicam ou a que tipos de perguntas podem responder.

AULA CONCLUÍDA!
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